sexta-feira, 7 de novembro de 2008

EUA E SEU ENGODO DEMOCRÁTICO

Quem observou atento o saldo propagandistíco de alguns meios de comunicação em favor da “maior democracia do mundo”, quando trataram das eleições estadunidenses, perceberam, sem demoras, a falta de conhecimento histórico quanto às colaborações daquele país no avanço do Brasil e em outros países da América Latina.
Quem vibrou mais com as eleições dos EUA e menos com as nossas eleições municipais, deveria ganhar um “visto permanente” e ir constatar, com os próprios olhos o abismo racial que vive a Flórida, as histórias “inquisidoras” do Ku Klux Kan e a linda personalidade racista e excludente dos estados do norte do país.
Com a vitória de Barak Obama pouca coisa vai mudar. E acreditem, sou otimista! Basta na linha da história lembrar o que o Partido Democrata realizou em favor da América Latina quando esteve no poder. Vamos lembrar de alguns fatos: O Partido Democrata-Republicano foi fundado por um dos “Pais da Pátria”, Thomas Jefferson, em 1793. Esses “Pais da Pátria” são tidos como heróis, porém, dizimaram os habitantes nativos e na sua “Gloriosa Constituição de 1787” conseguiram, em nome da Democracia, deixar de lado o anseio de praticamente 3/3 da população. O livro “A Outra Historia dos Estados Unidos”, do historiador Howard Zinn, pode nos ajudar a entender melhor como usar a Democracia para favorecer uma velha Oligarquia, pretensamente democrático-republicana.
Como bem lembrou a jornalista Elaine Tavares da UFSC, as políticas do Partido Democrata só trazem más recordações aos latinos. No seu segundo Presidente, Thomas Woodrow Wilson, que governou entre 1912 e 1921, além de entrar na Primeira Guerra, comandou várias intervenções militares na América Latina, invadindo o México durante o processo da gesta histórica de sua revolução popular em 1914, e depois a Nicarágua, o Panamá, a República Dominicana e o Haiti. Os motivos: garantir a democracia.
O próximo democrata na presidência foi Franklin Delano Roosevelt. Que enfrentou a grande crise de 29. “Seu programa protegia os grandes donos de terra e o empresariado. Foi no seu mandato que os Estados Unidos viveram a Segunda grande Guerra, considerada uma das mais populares naquele país, uma vez que mais de 18 milhões de soldados foram mobilizados e grande parte da população contribuiu com a compra de bonus. A economia reaqueceu e a crise foi superada. Foi Roosevelt que, junto com Churchil e Stalin, assinou o tratado de Ialta, que na prática dividiu o mundo entre socialista e capitalista, estabelecendo zonas intocáveis de influência, a famosa Guerra Fria”. Roosevelt morre em 1945 e assume no seu lugar o também democrata Harry Truman, este responsável pelo maior crime de guerra já perpetrado: a bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki, que matou mais de 200 mil civis, num momento em que o Japão já estava praticamente rendido.
O que esperar de Barak Obama para o bem do Brasil, da América Latina e quiçá do mundo? Seguindo sua formação, sua educação familiar, sua ideologia política e o anseio da maioria alienada dos estadunidenses, o presidente eleito lutará para sair da crise, reerguer o nome dos EUA no cenário mundial, continuar com a política imperialista e levar milhões de pessoas à morte, pelo mundo todo, defendendo os donos do capital. E acreditem, sou otimista!

Paulo Fernando da Silva – formado em Filosofia, História, pós-graduando em Bioética e presidente do Conselho do Laicato da Diocese de Prudente
Publicada no dia 12 de Novembro de 2008 - Jornal Oeste Notícias

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