terça-feira, 2 de dezembro de 2008

ADVENTO: SAIR DE SI E SE ENCONTRAR

publicado no Oeste Notícias em 3 de dezembro de 2008.

O Tempo do Advento é de preparação e espera para Aquele que vem. Do latim “Adventus” chegada; do verbo “Advenire” chegar a – é o período que compreende as quatro semanas anteriores ao dia do nascimento do Cristo, o Natal. Começa com a Festa de Cristo Rei, que celebramos no dia 26 de novembro, também Dia Nacional do Cristão Leigo/a. É o período de purificação para encontrar-se adequadamente com o Deus feito Homem, Jesus Cristo, humilde menino, nascido num curral, porém Redentor da humanidade. Toda a família cristã canta num só coro o hino de clamor Marana tha, “Vem Senhor Jesus”.
Na realidade não é bem assim que se vive o Advento. No lugar do Menino Jesus está a figura pop do Papai Noel, com as mega-promoções e liquidações no comércio, seus mais diferentes atrativos e pseudo-facilidades de pagamento. É tempo de muita bebida, comida e festas, sem ao menos citar o aniversariante.
A proposta primeira do Advento é o sair de si, ir ao encontro, como os Reis Magos, do Menino que traz a libertação. Aliás, libertação tão necessária em nosso tempo. As amarras do egoísmo, da desonestidade, da mentira, da falcatrua, do consumismo, do hedonismo e tantos outros apegos que marcam tristemente nossa geração podem, com certeza, encontrar na mensagem do Cristo uma re-significação, um novo sentido de vida.
Mas, a dúvida que sempre surge está ligada justamente em como vivenciar um período tão especial de religiosidade e confraternização. Podemos afirmar que a simplicidade é o caminho, assim como foi simples a vinda de Deus ao mundo, com o maior desprovimento e desprendimento, deve também ser nosso tempo de advento, em preparação para o Natal. Existem inúmeras pessoas vivendo debaixo de uma lona de plástico, em presídios, asilos, moradias precárias e também na rua, assim será o Natal delas: sem o mínimo. Interessante notar que isso acontece aqui na nossa cidade e região. A mais coerente atitude cristã é o sair de si e encontrar-se com o necessitado, num ato de amor, desprendido e desinteressado.
A opção preferencial pelos pobres é o caminho mais acertado para entender a lógica divina de fazer-Se homem. Quando saímos do cristianismo super-star, pop e pós-moderno e mergulhamos naquilo que é próprio da nossa realidade, nosso chão da vida, entendemos, sem demoras, que o projeto divino, proclamado pela boca do Verbo, evoca Justiça, Amor e Paz! Encontrar-se com o irmão desamparado é encontrar-se com o Menino-Jesus que nasce para nos libertar: “Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber (...) estive nu e me vestistes” Mt 25, 35-37.

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